13 de dezembro de 2025

A derrota do clã Bolsonaro, por Érico Firmo

O deputado Eduardo Bolsonaro atribuiu “problemas estruturais” da “sociedade brasileira” para o fim das sanções ao ministro Moraes (Foto: Reprodução/Facebook)

A retirada das sanções a Alexandre de Moraes pelo governo Donald Trump com base na Lei Magnitsky é a derrota completa da estratégia planejada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que deverá custar-lhe o mandato e a trajetória política no Brasil — a menos que haja uma mudança drástica na conjuntura. Algumas tarifas sobre exportações persistem, mas com muito menos impacto do que o que se projetava inicialmente. São ainda atingidos setores específicos.

O deputado, na publicação de lamento no ex-Twitter, alça a situação do pai à condição de “problemas estruturais” da “sociedade brasileira”. Admira-se com a falta de apoio interno à brancaleônica jornada nos Estados Unidos.

O episódio já está marcado como uma das mais patéticas empreitadas lesa-pátrias da história brasileira, uma das maiores trapalhadas políticas jamais empreendidas. O pai de Eduardo segue preso e o adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recuperou a popularidade na esteira da ação do ainda deputado.

Toda a patacoada escancarou também a hipocrisia dos bolsonaristas. Na época da pandemia de Covid-19, achavam que a economia não devia ser prejudicada, nem mesmo para salvar vidas. Agora, a família se mostrou disposta a fazer a atividade econômica e a população sofrerem para salvar algumas pessoas — uma em particular — da prisão.

“Eu estou preocupado com a liberdade do meu país e a liberdade vem antes da economia”, disse Eduardo. A liberdade que o preocupa não é do país, mas do pai. Na pandemia, a economia estava acima da vida. Da vida dos outros.

Nunca foi pelo país e nem pelas pessoas. Nos momentos iniciais da pandemia, em 16 de março de 2020, Jair Bolsonaro deixou evidente que a preocupação dele era eleitoral.

“Se a economia afundar, afunda o Brasil. Se afundar a economia, acaba qualquer governo, acaba o meu governo. É uma luta de poder. Há por parte de alguns, não estou dizendo todos, irresponsabilidade nisso daí”, afirmou o então presidente ao jornalista José Luiz Datena, na rádio Bandeirantes.

A família Bolsonaro desmorona porque nunca esteve preocupada com nada que não fosse consigo mesma. E se mostrou disposta a sacrificar qualquer coisa com esse propósito.

Motivos para cassação

A Câmara dos Deputados, um dia depois de reduzir a pena de Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados pela trama golpista, rejeitou a cassação dos deputados Glauber Braga (Psol-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP). Alexandre de Moraes anulou a decisão dos deputados e confirmou a perda do mandato, acompanhado pela primeira turma da Corte. Isso aumenta a crise entre Legislativo e Judiciário, e que envolve também o Executivo.

O caso de Zambelli tem muitas particularidades. Ela e os aliados buscam embarcar no discurso de perseguição política feito por Bolsonaro e aliados. Mas, se a justificativa já é descabida no caso do ex-presidente, em relação à deputada é pior ainda. Só pode mesmo apostar no desconhecimento da própria base política.

Ela foi condenada em um dos casos por invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O hacker contratado para isso confessou o crime e recebeu pagamento dela.

Outra condenação da deputada envolve a perseguição a um homem em via pública com arma em punho. Isso aconteceu, não cabe contestação. Pode-se fazer diferentes avaliações sobre o episódio, mas o fato é inconteste. E a prerrogativa de formar um juízo a respeito do fato é do Poder Judiciário, ora bolas. As sentenças não têm nada de absurdas ou inusitadas.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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