6 de dezembro de 2025

Bolsonaro e a decisão que o PT não tomou sobre Lula, por Érico Firmo

O mercado e Centrão preferia o Tarcísio de Freitas, mas, aparentemente, para o clã Bolsonaro há algo mais importante que o poder (Foto: Reprodução/Facebook)

Flávio Bolsonaro foi apontado como pré-candidato a presidente pelo PL. A escolha teria sido do pai, Jair Bolsonaro (PL). Se chegará como candidato a outubro de 2026 é outra questão. Assim como o recuo do partido em relação ao apoio a Ciro Gomes (PSDB) para governador do Ceará, é difícil saber o que irá acontecer até lá. O bolsonarismo é afeito a solavancos. Não tem muito constrangimento em recuar do que decidiu. E depois recuar e de novo. Basta ver como foi o governo Bolsonaro.

Porém, os sinais são de que o grupo político quer seguir em frente após a prisão do líder. A própria crise entre Michelle Bolsonaro e os enteados por causa do Ceará é outra mostra disso. Cada um toca a própria vida e a briga pelo espólio está aberta.

Foi algo que o PT não fez quando Lula estava preso. Todo mundo sabia que ele não poderia ser candidato, mas o partido insistiu até setembro de 2018, até não haver mais saída jurídica.

Para o PL, do ponto de vista da competitividade, pode ser bom. A estratégia do PT em 2018 atrasou a exposição de Fernando Haddad. Mas, para Bolsonaro, isso pode não ser o mais importante.

No mercado, no centrão e em demais espaços da periferia do bolsonarismo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o preferido e visto como o mais competitivo. Mas, aparentemente, para o clã Bolsonaro há algo mais importante que o poder. É manter o controle da direita brasileira.

Para o ex-presidente e a família, talvez seja melhor estar na oposição, mas com a hegemonia no campo político, do que serem coadjuvantes em um eventual grupo governista no qual correm o risco de ser gradualmente isolados. Ou seja, melhor perder com alguém deles que vencer com um aliado distante e que ameace ir para mais longe ainda.

Enquanto tiverem controle do grupo e ascendência sobre a militância, eles seguirão relevantes, mesmo fora do poder. Algo que poderia não ocorrer em um governo de um direitista não-bolsonarista sustentado politicamente pelo centrão.

A indicação de Flávio cumpre um objetivo anterior à reconquista da Presidência: mantém a família como protagonista.

O cenário complexo do Senado

O ponto de partida da crise na relação entre PL e Ciro Gomes (PSDB) é a movimentação pelo Senado no bloco de oposição. Priscila Costa (PL) teve o apoio de Michelle Bolsonaro (PL) para concorrer a uma das vagas. André Fernandes (PL) teve o pai, Alcides Fernandes (PL), lançado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Como são duas vagas, ambos poderiam concorrer, mas, se é difícil para a oposição conquistar uma cadeira, que dirá duas.

No governismo, a complicação é ainda maior. O potencial de crise, também. Em visita ao O POVO nesta sexta-feira, 5, Elmano de Freitas (PT) disse que não quer que o arco aliado leve ao voto definição sobre candidatura a senador em 2026. Muito menos que o próprio partido, o PT, o faça. A semana, de um possível colapso entre adversários, foi boa para o governador. Mas a definição da chapa ameaça deixar contrariadas três ou até quatro forças de primeira grandeza na aliança. De dentro da base pode despontar um problema para a reeleição.

Pesquisa Real Time Big Data para o Senado mostrou potencial interessante de votos de Roberto Cláudio (União Brasil), Júnior Mano (PSB), Alcides Fernandes (PL), Eunício Oliveira (MDB) e José Guimarães (PT). Porém, o mais provável é que o cenário não seja idêntico a nenhum dos testados. Nenhum dos pré-candidatos pode, hoje, ser considerado consolidado. Há ainda incerteza demais.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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