3 de fevereiro de 2019

Eleição de Alcolumbre no Senado fortalece Bolsonaro

Eleito presidente do Senado ontem (02/02) por 42 votos, um a mais do que o mínimo necessário, Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi alçado ao posto máximo do Congresso pelas mãos do ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni (DEM).

A vitória de Alcolumbre é um triunfo importante do principal articulador político do governo de Jair Bolsonaro (PSL), que havia apostado alto na disputa depois de ter visto Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser reconduzido à presidência da Câmara com 334 votos ainda na sexta-feira (01/02) - Onix e Maia brigam por protagonismo dentro do DEM.

Alcolumbre derrotou o experiente Renan Calheiros (MDB-AL), que tentativa presidir a Casa pela quinta vez. O emedebista, todavia, desistiu de sua candidatura após 12 senadores terem votado na segunda rodada de ontem - os votos da primeira foram invalidados depois que a mesa contabilizou 82 sufrágios para 81 votantes.

O êxito de Alcolumbre foi pavimentado também por outras forças políticas além do governismo. Senadores da Rede e do PSDB, dois partidos não alinhados ao Planalto, aderiram ao nome do candidato, que acabou conseguindo mobilizar o sentimento anti-Renan dos novos senadores - 46 das 54 vagas que foram colocadas em disputa nas últimas eleições.

Os cearenses Tasso Jereissati (PSDB) e Eduardo Girão (Podemos), por exemplo, integraram o grupo que ajudou a dar corpo à postulação de Alcolumbre - Tasso abriu mão de disputar a presidência da Casa para não fragmentar os votos da oposição a Renan, com quem chegou a trocar xingamentos na sexta-feira. Mesmo tendo deixado a corrida após alegar fraude no processo de condução da votação, Renan ainda recebeu cinco votos.

Mas é Bolsonaro o maior beneficiado com a conquista de Alcolumbre. Nome de confiança de Onix, o representante do baixo clero contou com o voto do filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL). Pelo Twitter, o senador recém-eleito, que sofre pressão de investigação do caso Queiroz, afirmou ter votado no parlamentar do DEM nas duas rodadas e que não tinha revelado sua escolha antes por receio de que o governo do pai sofresse represálias no Senado.

A presença de dois aliados no comando do Legislativo não garante ao presidente total tranquilidade na tramitação de sua agenda reformista, notadamente a reforma da Previdência. Logo depois de vencer a eleição, Rodrigo Maia chegou a admitir que o governo ainda não tem os 308 votos necessários para fazer passar a medida.

O político também deu mostras de que não deve acelerar o rito de tramitação da reforma - Paulo Guedes, ministro da Economia, pretendia ver a Previdência aprovada até março, no máximo.

Se na Câmara o sucesso da agenda econômica não é garantido, no Senado o cenário é ainda mais indefinido, sobretudo depois da eleição. A disputa pode deixar sequelas entre parlamentares ligados a Renan Calheiros, fator com potencial para atrapalhar os planos de Bolsonaro.

Além disso, os votos em Alcolumbre não necessariamente são votos de apoio ao bolsonarismo. Desse modo, mesmo com apoios cruciais na Câmara e no Senado, o pesselista teria de negociar maiorias parlamentares a cada votação, já que a escolha do presidente do Senado foi marcada principalmente por um sentimento contra figuras que representariam "a velha política", de acordo com os senadores de primeira viagem dos quais Girão é exemplo.

Com informações portal O Povo Online

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