14 de março de 2020

A capacidade de unir e conciliar por Érico Firmo

Anunciar resultado negativo de coronavírus é momento de alegria, e o presidente comemorou dando banana (Foto: Reprodução/Twitter
Numa emergência mundial como a pandemia de coronavírus, governos são testados quanto à capacidade de unir esforços em torno do interesse público. São causas que colocam-se acima de grupos e interesses de nicho. Afinal, quem pode ficar a favor do coronavírus? A ação governamental tem menos efeito se não tiver apoio dos indivíduos e instituições privadas. Cabe ao poder público ser o coordenador e o incentivador desse esforço conjunto, pelo bem de todos.

Ontem, ao informar que seu exame dera negativo para covid-19, o perfil oficial do presidente da República publicou foto de Jair Bolsonaro dando uma banana. Para os jornalistas? Para o público? Para o vírus? Para os seguidores?

O governo Jair Bolsonaro se move pela beligerância. O presidente foi capitão do Exército, mas travou muito mais combates na política que nas Forças Armadas. Cresceu na política no enfrentamento contra feministas, movimento negro, movimento LGBT. Contra o "politicamente correto". Foi eleito ao se contrapor ao PT, à esquerda, ao comunismo. É mais fácil perceber aquilo que ele combate que o que defende. Isso não é raro para quem busca chegar ao poder. O PT fez muito isso também. Porém, quem governa costuma ser mais conciliador. Ele não.

Bolsonaro enfrenta a esquerda, mas também enfrenta a direita que o apoiou, como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). Critica a imprensa, que acusa de ser de esquerda. Ontem, o embate foi com a direitista Fox News, dos Estados Unidos, veículo que noticiou que o exame dele para coronavírus teria dado positivo. Combate o PT com toda energia, mas também rompeu com o próprio partido que o elegeu, o PSL. Vive às turras com o Congresso Nacional, com o Supremo Tribunal Federal (STF). Para brigar, travar divergências, o governo Bolsonaro é competente como nenhum outro na história deste País.

Agora, a administração Bolsonaro terá de mostrar capacidade de unir esforços. Não é crise que seja resolvida por um supergovernante, extremamente competente, muito sabido, que tenha todas as respostas e saiba como resolver tudo, por cima de pau e pedra. É situação que precisa de parcerias, de entendimento, de convergência. De conciliação entre partes antagônicas em nome da cooperação. Mesmo que as redes sociais do presidente e dos filhos alcancem muita gente, eles não podem prescindir de todos os meios de comunicação possíveis - o jornalismo profissional obviamente incluída - para dialogar com a população. 

Precisa dos governos estaduais de direita e de esquerda, Precisa se entender com Witzel, Doria, Flávio Dino (PCdoB-MA), Camilo Santana (PT-CE). Precisa se entender com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. Tais personagens também não gostam dele. Nem precisam. A obrigação, pela função que ocupam, é trabalharem juntos pelo povo. Ao presidente cabe ser o movimentador dessas parcerias.

É um atributo que o presidente e seu governo não mostraram até hoje. Espero me surpreender.

Com informações portal O Povo Online


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