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O anúncio foi feito pelo líder do partido, deputado Mario Heringer (Foto: Reprodução/Facebook) |
A bancada do PDT na Câmara decidiu, ontem, deixar a base de apoio do Palácio do Planalto. O anúncio foi feito pelo líder do partido, deputado Mario Heringer (MG), mas isso não quer dizer que os 17 parlamentares passarão para o lado da oposição — atuarão de forma independente. A decisão concretiza a ameaça, feita dias atrás, de que a legenda deixaria de se alinhar ao governo, caso Carlos Lupi fosse removido do Ministério da Previdência por causa do escândalo dos descontos ilegais nos benefícios pegos a aposentados e pensionistas do INSS.
"Essa é uma decisão da bancada do PDT na Câmara, não é do Congresso, que fique bem claro isso. E que foi tomada na presença do presidente [em exercício] do partido [deputado André Figueiredo-CE]. Ela não passou, ainda, pela Executiva Nacional, mas o presidente do partido estava junto. E todos nós fazemos parte da Executiva Nacional", explicou.
A proposta de levar o tema à discussão também partiu de Heringer. "A iniciativa foi minha. Mas não sou o dono da bancada. Ajo conforme as diretrizes que recebo da bancada, não dou ordens", frisou o líder
Apesar do rompimento, o deputado fez questão de enfatizar que o PDT não fará oposição sistemática ao governo. "Fiquem calmos: não entramos no caminho da vingança. Não há qualquer posição de vingança. Nossa posição é de independência", salientou Heringer.
Sobre a saída de Lupi, o líder afirmou que o ex-ministro e presidente licenciado do PDT é "a pessoa mais atingida por esse problema". "Ele cansou dessa batalha e pediu para sair. É difícil você ter mulher, filho, amigos e, de uma hora para outra, virar 'ladrão de R$ 6 bilhões'", desabafou Heringer.
O deputado ainda elogiou a postura do ex-ministro ante às críticas. "Ele se comportou maravilhosamente bem, na minha opinião. Escutou os ataques, os comentários mais histriônicos possíveis", observou.
O vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, também saiu em defesa de Lupi e criticou a escolha de Wolney Queiroz, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para assumir o ministério. Ele enfatizou que a maior parte dos desvios do dinheiro dos aposentados e pensionistas ocorreu no atual governo.
"Isso aqui é o foco da minha indignação. Infelizmente, olha o que eles falam: 'Começou com o Bolsonaro'. Verdade. Começou com o Temer, passou para o Bolsonaro, na faixa de R$ 200 milhões, R$ 300 milhões por ano. No governo Lula, passou para R$ 3 bilhões por ano", explicou Ciro, ex-ministro da Integração Nacional de Lula entre 2003 e 2006. Apesar da crítica, ele também responsabilizou os ex-presidentes Temer e Bolsonaro pelo escândalo.
A decisão anunciada por Heringer se resume à Câmara, pois o PDT no Senado — que conta com três parlamentares: Leila Barros (DF), Weverton Rocha (MA) e Ana Paula Lobato (MA) — se apressou em divulgar nota deixando claro que continuava alinhado com o Planalto por afinidades política. "Em comum acordo e por unanimidade, os senadores do PDT decidiram pela permanência do partido na base do governo do presidente Lula no Senado. A decisão foi tomada tendo por base a afinidade da bancada com o governo tanto no projeto de desenvolvimento para o Brasil, como na maioria das pautas no Senado", afirma a nota.
Incômodo
A decisão do PDT da Câmara causou desconforto no governo. Ao Correio, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, afirmou que o Planalto continua dialogando com o PDT e contando com seu apoio no Congresso. "Respeitamos o posicionamento da bancada e seguimos dialogando, contando com o apoio do partido nas matérias de interesse do país", assegurou.
Já
a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não escondeu a preocupação. "O PDT,
desde o [fundador Leonel] Brizola, é um partido com uma opinião política sobre
o Brasil que tem coerência com o programa desenvolvido pelo presidente Lula.
Temos uma responsabilidade muito grande de manter alinhavada essa nossa
aliança", afirmou ao Correio.
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