12 de setembro de 2023

Acenos a Cid Gomes, por Érico Firmo

Cid foi o responsável por costurar a aliança que governa o Ceará desde 2007 (Foto: Samuel Setubal)

Gestos vêm sendo repetidos no bloco governista cearense em acenos ao senador Cid Gomes (PDT). O governador Elmano de Freitas (PT), o presidente da Assembleia, Evandro Leitão, de saída do PDT, e outros líderes do grupo enfatizam o protagonismo do ex-governador na cúpula do grupo. Na semana passada, no podcast Jogo Político, o presidente do PSB, Eudoro Santana, destacou como uma prioridade do bloco manter Cid como aliado. E aí vale notar a natureza da relação do senador com o resto do grupo.

Cid foi o responsável por costurar a aliança que governa o Ceará desde 2007. A coalizão foi se transformando. (P)MDB saiu e voltou, assim como Domingos Filho, hoje no PSD. Tasso Jereissati (PSDB) rompeu, ensaiou reaproximação e hoje voltou à oposição. O que se mantém é o eixo composto pela família Ferreira Gomes e o PT.

A partir de 2012, Cid passou a construir a renovação do grupo, e foi muito bem-sucedido. Lançou dois políticos de rápida ascensão e que logo buscaram protagonismo. As eleições de 2020 foram marcadas pela disputa entre essa segunda geração de líderes do bloco: Camilo Santana (PT) contra Roberto Cláudio (PDT). O hoje ministro tentou fazer de Izolda Cela a candidata a governadora, mas foi vencido nas articulações internas do PDT. Na hora das urnas, Roberto Cláudio levou a pior.

Hoje há uma terceira geração, por assim dizer, de dirigentes do grupo: o prefeito José Sarto (PDT) e o governador Elmano de Freitas.

Nessas alternâncias, o papel de Cid vem mudando. Senador desde 2019, ele teve uma discreta primeira metade de mandato. Em 2022, com divergências em relação ao irmão Ciro Gomes (PDT), ele se retraiu. O silêncio recebeu interpretações no meio político. Ele pretendia se reposicionar no segundo turno, mas foi atrapalhado no plano pela vitória de Elmano no primeiro turno.

O processo desgastou bastante o senador. Ele segue figura de proa no grupo, mas deixou de ser unanimidade no PDT. Faz gestos diversos pela recomposição do rachado grupo que articulou há quase duas décadas. Nesse processo, é bastante criticado pelo bloco de Roberto Cláudio. No entanto, Cid não demonstra o mesmo nível de afinação de Camilo, Elmano, Evandro Leitão e outros caciques do governismo.

Ao mesmo tempo em que defende a aliança, Cid tem a compreensão de que não é a mesma coisa que o PT. Em Sobral, é aliado do partido desde 1996, quando estava ainda no PSDB. Mas nunca foi petista e provavelmente nunca será. Assim como Ciro compreendeu que, embora aliados por décadas, não se confundia com Tasso.

Pessoas próximas a Cid argumentam que a tentativa de composição do PDT com o governo é uma maneira de manter o partido vivo e evitar que seja engolido pela força de Camilo.

Há ainda fatores familiares na briga com Ciro. Os acenos da cúpula camilista sinalizam que é percebido algum grau de instabilidade no apoio de Cid. O senador tem feito gestos importantes em prol da composição.

O senador não tem hoje a força de outrora, mas uma eventual guinada daria uma animada boa na política do Ceará.

Os deputados no Palácio

Evandro Leitão, no primeiro dia útil nesta passagem pelo governo, levou os deputados para o Palácio da Abolição. Mal comparando, tem um quê de Paes de Andrade indo à sua Mombaça natal quando exerceu a Presidência da República.

Publicado originalmente no  portal O Povo +

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