22 de novembro de 2019

Bolsonaro lança novo partido, mas continua com o discurso de sempre


A solenidade de fundação do partido Aliança pelo Brasil, que o presidente Jair Bolsonaro deseja registrar após ter deixado o PSL, realizada ontem (21/11) em um auditório de um luxuoso hotel de Brasília, serviu como pontapé inicial do projeto de reeleição.

Em uma fala de pouco mais de 30 minutos, Bolsonaro destinou parte dela para atacar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem enxerga como desafeto e concorrente do mesmo espectro político na disputa eleitoral. Para ele, o chefe do Executivo estadual fluminense tenta “destruir a reputação da família Bolsonaro”.

O presidente começou falando que, se não fosse pelo senador Flávio Bolsonaro (Aliança-RJ), Witzel não teria sido eleito.

“Onde o Flávio ia, ele estava atrás. Acabaram as eleições e ele botou na cabeça que quer ser presidente. É o direito dele e de qualquer um de vocês, mas, também botou na cabeça dele o direito de destruir a reputação da família Bolsonaro. Minha vida virou um inferno depois da eleição do senhor Wilson Witzel, lamentavelmente”, criticou.

Para Bolsonaro, Witzel tenta destruir sua família e “quem está ao lado dele” usando a Polícia Civil do Rio de Janeiro. “Ou parte dela, a todo custo”, acusou. O sentimento de perseguição aos familiares diz respeito às suspeitas da Polícia Civil de um possível envolvimento de Carlos Bolsonaro (PSC), vereador na capital fluminense, com a morte da então vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes.

Caso Marielle
Ao citar o filho, Bolsonaro disse que Carlos e Marielle tiveram uma única discussão enquanto vereadores. “Acho que política. Agora, (os policiais) jogam para esse lado (de um suposto envolvimento do filho no assassinato)”, criticou.

O presidente lembrou que, em 9 de outubro, encontrou com Witzel no Clube Naval do Rio de Janeiro. Declarou que, na ocasião, o governador confidenciou a ele ter conhecimento das investigações feitas pela Polícia Civil.

Como inquéritos tramitam em segredo de Justiça, Bolsonaro crê que Witzel tenha alguma influência sobre as diligências da corporação.

“Perguntei (a ele) ‘como tu sabe disso, se o processo corre em segredo de Justiça?’ Já sabia das suas intenções. Vivia manipulando o processo e não aparece para a esquerda chegar aos mandantes verdadeiros. Interessa usar, agora, esse crime bárbaro que repudiamos para atingir reputação de pessoas outras. Não deu certo com o porteiro, mas, por coincidência, eu não estava lá”, comentou.

O presidente fez referência ao depoimento à Polícia Civil de um porteiro que teria autorizado a entrada de Élcio de Queiroz, um dos suspeitos do assassinato de Marielle, após conversar com um “seu Jair”. À Polícia Federal, contudo, mudou a versão em outro depoimento.

“A Globo começa dizendo o ‘depoimento do porteiro’ e dizendo que eu estava em Brasília. Isso não é pauta que tem que ser divulgada, essa possibilidade de um ser um dos mandantes do crime da Marielle Franco, e lamento muito. Esse é o trabalho em parte desse governador (Witzel) que tem obsessão de ser presidente e dizem uns que, em seu gabinete, usa faixa presidencial”, comentou.

Corrida contra o tempo
Para existir formalmente, o Aliança pelo Brasil ainda precisa ser homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Para isso, deverá cumprir uma série de exigências, o que representa uma verdadeira corrida contra o tempo para Bolsonaro e os demais políticos que pretendem se juntar à legenda.

Princípios do partido
A advogada Karina Kufa fez a leitura dos princípios do partido. "O povo deu norte da nova representação política. Em 2019, novo passo precisa ser dado. Criar partido que dê voz ao povo brasileiro", afirmou.

Karina Kufa afirmou que o partido é conservador, comprometido com a liberdade e ordem, soberanista e de oposição às "falsas promessas do globalismo".

O programa tem os seguintes princípios:
>> Respeito a Deus e à religião
>> Respeito à memória e à cultura do povo brasileiro
>> Defesa da vida
>> Garantia de ordem e da segurança

O programa afirma que o partido "reconhece o lugar de Deus na vida, na história e na alma do povo brasileiro". Há ainda defesa da posse de armas. Karina disse que o partido "se esforçará para divulgar verdades sobre crimes do movimento revolucionário, como comunismo, globalismo e nazifascismo"

Ainda segundo a advogada, o partido estabelecerá relações com siglas e entidades de países que "venceram o comunismo", como os do Leste Europeu.

"O Aliança pelo Brasil repudia o socialismo e o comunismo", disse Karina. A frase foi bastante aplaudida pelos presentes. A plateia começou a gritar: "A nossa bandeira jamais será vermelha".

A maioria dos parlamentares do PSL, que pretendem migrar para a nova sigla, ocupava as primeiras fileiras do auditório. Alguns não conseguiram lugar nas primeiras cadeiras porque chegaram mais tarde. Outros quase não conseguiram entrar. Havia ainda dezenas de apoiadores ao lado de fora do auditório, por causa da lotação. Apenas poucos jornalistas tiveram acesso ao auditório principal.

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