22 de novembro de 2019

Partido da morte por Henrique Araújo

Logo do Aliança pelo Brasil com mais de 3 mil cartuchos de pistola e400 e de .50. (Foto: Gabriela Echenique)
A apresentação do novo partido de Bolsonaro dispensou meios-termos. Trata-se de uma entidade que postula a morte. Sob o nome de Aliança pelo Brasil, a proto-legenda dedica-se a combater o comunismo e o globalismo, doutrina-fantasma que faz as vezes de moinho de vento na cruzada salvacionista do presidente. De passagem, apresenta um núcleo liberal que se limita a um punhado de preceitos mal-digeridos.

Na área social, trata o aborto como traição. Nos costumes, ataca o que chama de ideologia de gênero, outra extravagância onipresente no folclore governista. Na segurança, defende a pistolagem individual como política pública. Quem concordar com tudo isso, estará à vontade para apertar o número 38 - não casualmente escolhido pelo presidente como identificação da agremiação. O algarismo, todos sabemos, refere-se à arma mais numerosa no Brasil - também a que mais mata. Presente em muitos lares, é grande responsável por acidentes domésticos.

Como se vê, o Aliança, do símbolo (dois anéis entrelaçados emulando o infinito) à marca esculpida com cápsulas de grosso calibre, sintetiza a figura de Bolsonaro. É a tentativa de materializar a onda do "verde-amarelismo" que começou em 2013, engrossou nos anos seguintes e quebrou forte em 2018.

Nele estão presentes todos os valores ligados à eleição do ex-capitão do Exército: o familismo, o armamentismo e a ameaça do inimigo (ONGs, demais partidos, STF, Congresso, universidades etc.). Não à toa a executiva está povoada de filhos: Flávio, Eduardo e Jair, o caçula, além de amigos e advogados, como Admar Gonzaga, que o defende em processo contra o PSL, antigo endereço. Michelle, a primeira-dama, também está lá.

É um partido da casa, feito à sua imagem e semelhança, onde o chefe do Executivo finalmente pode se sentir à vontade, visto que é quase extensão natural do seu entorno. Saem a divergência e a negociação, entram a fidelidade e os laços indissolúveis, num casamento (para ficar na metáfora predileta do mandatário do País) arranjado às pressas, quem sabe a tempo de chegar ao altar das eleições de 2020. 

É uma aliança, sim: do ressentimento com o obscurantismo.

Com informações portal O Povo Online

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