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| Grande parte do discurso de Lula foi dedicada à defesa da educação como pilar do desenvolvimento e da democracia (Foto: Ricardo Stuckert) |
“Eu já tenho muitos títulos de doutor honoris causa, mas nenhum me emocionou como esse, porque eu não sinto aqui nenhuma diferença entre vocês e eu. Eu sinto que nós somos iguais”, afirmou, em um dos momentos de maior comoção do evento.
Lula destacou que sua relação com Moçambique remonta à sua primeira visita, em 2003, quando sentiu “imediato sentido de fraternidade” entre os dois países. Ele afirmou que Brasil e Moçambique compartilham mais do que a língua: “uma irmandade que nasce da luta, da cultura e do sonho de liberdade”.
O presidente ressaltou que o Brasil deve ao continente africano parte essencial de sua identidade — “a cor, a música, a fé, a alegria e o modo de ser” — e disse que, ao voltar à África, sente-se “voltando para casa”.
Grande parte do discurso foi dedicada à defesa da educação como pilar do desenvolvimento e da democracia. Lula lembrou que Moçambique apostou desde cedo na formação de professores e afirmou que Paulo Freire deixou marcas profundas no país. “Ele nos mostrou que a verdadeira educação deve ser libertadora: não apenas ensinar a ler as palavras, mas a ler o mundo”, disse.
O título recebido — em Ciência Política, Desenvolvimento e Cooperação Internacional — foi dedicado também a educadores brasileiros e moçambicanos que, segundo ele, “mantêm viva a chama do conhecimento e da liberdade”.
Expansão
do ensino superior no Brasil
Lula fez um balanço das políticas educacionais de seus três mandatos e dos governos do PT. Segundo ele, foram criados 610 institutos técnicos; 190 extensões universitárias; 18 novas universidades federais; além de 47 hospitais universitários que estarão em funcionamento até 2026, com outros quatro em construção.
Também destacou a criação da primeira universidade indígena e da futura universidade do esporte. Ao mencionar sua própria trajetória, lembrou que o Brasil, historicamente, reservou o ensino superior à elite. “Foi preciso que um metalúrgico sem diploma universitário chegasse ao poder pelo voto popular para mudar essa realidade”, afirmou.
Lula mencionou políticas recentes, como o programa Pé-de-Meia, que garante depósitos mensais a estudantes de baixa renda, e reafirmou o compromisso de aproximar jovens africanos do ensino superior brasileiro, citando o Pec-G e a Unilab como “pontes vivas sobre o Atlântico”.
Ele
lembrou ainda que o Brasil deixou novamente o Mapa da Fome da ONU em 2025, após
ter retornado ao índice em 2023. “A fome não é falta de comida: é falta de
justiça”, declarou, criticando sistemas econômicos que concentram renda e
oportunidades.
Publicado
originalmente no Correio Braziliense
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