17 de janeiro de 2011

Wikileaks do forró

Sucessos do forró estão envolvidos em esquemas empresariais de
violação dos direitos autorais. É o que afirma o blog Cabaré do Timpin
 

Timóteo Pinto tem pretensões de se tornar o novo Julian Assange do cenário mundial. A partir do blog Cabaré do Timpin, Timóteo tem divulgado informações sobre supostos esquemas de empresas do mercado do forró que violam os direitos autorais. Uma articulada rede de olheiros seria responsável por identificar os sucessos locais, remeter as composições para o escritório central e depois distribuir CDs gratuitamente já com a nova versão da música.

“Eu possuo várias provas testemunhais. Só que devido a quantidade imensa de histórias de violências, ninguém obviamente quer ter seu nome envolvido nisso. Até porque tem muita gente do meio musical que teme por seus empregos”, responde por e-mail Timóteo, pseudônimo do jornalista curitibano, que prefere não se identificar.

O mote para o começo dos vazamentos, que são publicados com a rubrica “Wikileaks do Forró”, foi a disputa pelos direitos do atual sucesso Minha Mulher Não Deixa Não entre as duas maiores bandas do forró nacional, os Aviões do Forró, líder do mercado forrozeiro há pelo menos meia década, e a Garota Safada, com apenas três anos de existência e uma ascensão vertiginosa.

A composição de Reginho dos Teclados, cantor brega pernambucano, colocou as duas bandas numa arenga pública. A Garota Safada tentou sair na frente e chegou a divulgar que tinha a exclusividade sobre a música, mas não demorou muito para ser desmentida pelo próprio Reginho, que apareceu em um clipe dos Aviões do Forró ao lado do vocalista Xandy. O fato contrariou o jovem líder da Garota Safada, Wesley Safadão, que trocou farpas no twitter com o veterano cantor dos Aviões.

O empresário Arionaldo Carvalho chegou nesse entretempo, viu o sucesso da música e tratou de assinar contrato com Reginho. Diretor da Premier Produções, dono de bandas como Cia. do Calypso, Ari não gostou das declarações da Garota Safada - que havia feito um acordo com Reginho antes deste integrar seu casting. Partiu dele o convite para o clipe dos Aviões, feito em Fortaleza. O vídeo conta com a participação dos quatro garotos que estouraram na Internet com um vídeo caseiro da música postado no YouTube.

“A obra é dele”, afirma Ari sobre o direito de Reginho em autorizar a execução da música para quem quiser. Apesar de isentar as duas bandas de forró nesse caso, Ari também alerta para o que bandas como a baiana Djavú tentaram fazer ao divulgarem a música como seu mais novo sucesso. “Eles tentaram pegar a música de um ‘anônimo’ e divulgar como sua”, diz. “É como se tivesse o pinto pra depois nascer o ovo”.

A Djavú, por sinal, já protagonizou o que Timóteo intitulou de “Watergate do Tecnobrega”, uma denúncia sobre a cópia baiana da banda paraense Ravely. Mais um dos casos de violação dos direitos autorais que Timóteo elenca em profusão, sem perdoar nem mesmo os Aviões do Forró, carro-chefe da A3 Entretenimento. A maior empresa do mercado forrozeiro, dona de bandas como Solteirões do Forró, Forró do Muído e Forró dos Plays, é o principal alvo das denúncia do “Wikileaks do Forró”. Timóteo aponta processos da dupla sertaneja João Marcio & Fabiano, do grupo baiano de arrocha Bonde do Maluco e de outro cantor pernambucano, autor da música Tontos & Loucos, todos movidos contra os Aviões. “Eu poderia ficar a tarde inteira relatando casos.”, resume.

É de 2003 uma das primeiras questões envolvendo violação dos direitos autorais pelos Aviões do Forró. A música Já Tomei porres por Você chegou a ser gravada pela banda sem autorização da compositora Rita de Cássia, conhecida pelos sucessos da banda Mastruz com Leite. A querela se encerrou em um acordo entre as duas partes. Rita disse por telefone não tocar mais no assunto.

Filha de Emanuel Gurgel, empresário que comandou por uma década o mercado do forró, Rebeca Gurgel administra hoje a produtora SomZoom e fala que a política de sua empresa é a de só trabalhar com músicas próprias, mas admite que existe uma acirrada disputa no mercado pelos futuros sucessos. “As pessoas ficam leiloando as músicas, mas não entramos nisso”, afirma.

“Hoje tudo no forró virou dinheiro. Manda quem tem a melhor estrutura, quem tem mais dinheiro pra dar CD e pra comprar música”, diz o empresário Karlúcio Lima. Para o dono da banda Forró na Veia, a ponto principal dessa questão no mercado do forró está na prática, inaugurada pela A3, de distribuir CDs gratuitamente. “Eles fazem um CD ao vivo, eles mesmo gravam, fazem as cópias, soltam 200 mil CDs, 400 mil, 1 milhão de discos. Daqui que o pessoal que fez a música corra atrás, a banda já estourou e ganhou o dinheiro todo”.

Com informações O POVO Online



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