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Lula embarcou para o Chile, para fazer a articulação política, enquanto Alckmin segue coordenando as negociações para impedir a taxação (Foto: Ricardo Stuckert) |
A menos de duas semanas para o prazo final do tarifaço de 50% sobre os produtos nacionais, estabelecido pelo governo Donald Trump, dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em Santiago, no Chile, para intensificar a articulação global em torno da defesa da democracia e da preservação da soberania, enquanto o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reforça as conversas com os empresários.
O governo definiu uma estratégia bem clara para reagir à pressão de Trump. Na corrida contra o relógio, Lula e Alckmin vão evitar falar no ex-presidente Jair Bolsonaro e na família dele. A resposta padrão será que se trata de um assunto do Judiciário, mais precisamente do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim há um evidente esforço de afastar a trama política da diplomática, econômica e comercial. Tanto o presidente da República quanto o vice-presidente vão focar nas negociações e nos eventuais avanços que poderão vir.
São duas frentes de batalha para impedir os possíveis prejuízos na economia brasileira, atingindo os mais diversos setores. Em Santiago, Lula participa da Cúpula de Alto Nível chamada de Democracia Sempre" com as presenças dos presidentes chileno, Gabriel Boric Font; do Uruguai, Yamandú Orsi; e da Colômbia, Gustavo Petro, além do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, a partir desta semana. Um comunicado prévio foi rascunhado pelo grupo.
No texto, os líderes ressaltam o momento desafiador de proteger a democracia em meio aos ataques de governos autoritários. O nome de Trump não é citado, mas nem precisa, pois o documento reitera a preocupação com o "retrocesso nos direitos fundamentais", assim como a disseminação de desinformação e os discursos de ódio, além das redes criminosas, que ocupam o universo on-line.
O rascunho ressalta que as democracias só se mantêm quando construídas conjuntamente, sendo capazes do fortalecimento da coesão social. No texto, os líderes ratificam que o sistema democrático pode se fragilizar, caso não seja cuidado e mantido. Daí a importância das estratégias em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos.
Esforço
coletivo
Lula, ao lado de Sánchez, da Espanha; Boric, o anfitrião do encontro em Santiago; Yamandú Orsi, do Uruguai; e Petro, da Colômbia, farão uma declaração conjunta hoje no fim do dia. A ideia é ressaltar a importância do respeito à soberania de cada país, da autonomia das nações e, sobretudo, da grande nação latina. O primeiro-ministro é o símbolo da voz crítica ao governo Trump e uma voz diferenciada na União Europeia.
Determinado a apoiar as tratativas, como do Brasil, do México, do Canadá, da China e da própria União Europeia, Sánchez terá reuniões fechadas com Lula, Boric, Orsi e Petro. A ideia é articular o esforço comum de fortalecimento coletivo para o enfrentamento da pressão e reação. Exatamente como o escrito no rascunho do documento final, os líderes defenderam a democracia como única alternativa política e sua manutenção ao empenho coletivo.
Do
Chile, Sánchez viaja para Montevidéu, no Uruguai, e depois para Assunção, no
Paraguai. O primeiro-ministro tem reuniões com empresários e encontro com a
senadora Lucía Topolansky, viúva do ex-presidente Pepe Mujica, ícone da
esquerda e representante da defesa da democracia. Nos dois países, ele falará
com a imprensa local. A disposição é reiterar a necessidade de proteção dos
sistemas democráticos em meio à pressão das forças autoritárias que atentam
contra os direitos humanos e podem levar o mundo a um retrocesso.
Publicado
originalmente no Correio Braziliense
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