24 de abril de 2020

Principais portais do Brasil noticiam possível saída de Moro, mas presidente e ministro silenciam


Ao longo da tarde de ontem (23/04) os principais canais de comunicação do Brasil noticiaram que ministro da Justiça, Sergio Moro, falou ao presidente Jair Bolsonaro, “que sai do governo se ocorrer a troca de comando da Polícia Federal”.

Foi noticiado igualmente que Bolsonaro anunciou ao ministro que o atual diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, deve ser demitido para dar lugar a um nome que tenha maior proximidade com o Planalto, o que em teses configuraria um ato extremo de desautorização, que ocorreria para proteger aliados atualmente na mira da corporação.


Quase todos os canais informaram que o ministro Moro teria dito que se “Valeixo sair, ele também sai”.

A intenção de fazer a troca ocorre em meio ao andamento de um inquérito, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Procurador-geral da República, Augusto Aras, que mira deputados bolsonaristas. Eles são suspeitos de atuar para financiar e incentivar manifestações contra o Supremo e o Congresso.

Foi amplamente noticiado que o motivo da irritação de Bolsonaro com Valeixo, porém, teria relação com investigações que podem comprometer sua família. Segundo apuração do Blog do Vicente, do Correio, a equipe que investiga as fake news contra o Supremo Tribunal Federal (STF) encontrou evidências contra o Gabinete do Ódio, comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o filho 02 do presidente.

As tentativas de trocar o diretor-geral da PF vêm desde o ano passado e encontram resistência não só de Moro, mas também de delegados e agentes. É consenso que, se concretizadas, enfraquecerão o ministro da Justiça. Dentro da corporação, a notícia da troca foi recebida como uma bomba por agentes e delegados.

A Presidência não havia se manifestado sobre o caso até a última atualização desta matéria. Já a assessoria do Ministério da Justiça disse apenas que a saída de Moro "não está confirmada".

O presidente Bolsonaro não tratou do assunto na sua tradicional transmissão de quinta-feira, nem tão pouco o ministro Moro se pronunciou sobre as notícias veiculadas.

O Correio Brazilienze traçou uma linha do tempo dos principais atritos de Bolsonaro com Moro, confira:

Fevereiro/2019
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, nomeou a cientista política Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), mas acabou voltando atrás após críticas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Em nota, o ministério anunciou que estava revogando diante da repercussão negativa em alguns segmentos.

Agosto/2019
Bolsonaro anunciou a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, alegando questões de produtividade. Em nota, a instituição, que é subordinada a Moro, negou problema de desempenho e disse que a troca já estava sendo planejada. Na ocasião, sob as afirmações que estaria interferindo, Bolsonaro disse que é ele quem indica, e não Moro. Na época, já se falava sobre a intenção de trocar o diretor-geral, Maurício Valeixo.

Agosto/2019
Depois de ter perdido o Coaf, em maio, quando saiu do Ministério da Justiça e foi para a pasta da Economia, Moro encarou mais uma derrota. Na ocasião, Bolsonaro assinou uma medida provisória (MP) que transferiu o órgão para o Banco Central.

Dezembro/2019
Bolsonaro sancionou o pacote anticrime e manteve o trecho referente à criação do juiz das garantias (que existiria somente para supervisionar a fase de investigações), algo que já havia sido criticado por Moro reiteradas vezes. Ele mesmo afirmou que defendeu o veto ao trecho. O ministro não foi atendido, mas depois o STF suspendeu a medida.

Janeiro/2020
O presidente falou em recriar o Ministério da Segurança Pública, que foi unido ao Ministério da Justiça no início do governo e entregue a Moro. Falar em desmembrá-la foi uma sinalização de esvaziamento do ministro. Diante da controvérsia e da crise criada, a ideia não vingou.

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